JEAN PIAGET E RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO TRABALHO

Nelson Pedro da Silva, Rodney Querino Ferreira da Costa

Resumo


O mundo do trabalho é reconhecido como um dos principais ambientes de formação subjetiva do empregado, pois as relações construídas nesse espaço impactam orgânica e psicologicamente os seus envolvidos, influenciando na saúde, no caráter de líderes e liderados, assim como no resultado do trabalho (o produto final da instituição). Por causa disso, entre as estratégias mais utilizadas pelas empresas para o aumento da produtividade está em investir no papel dos líderes e no estabelecimento de novas formas de relacionamento entre eles e os liderados, a ponto de esse assunto ter se tornado objeto de estudos científicos. Com o presente ensaio, propõe-se que os próprios trabalhadores encontrem alternativas para a resolução dos problemas enfrentados diariamente nas instituições, além da criação de novos produtos, de procedimentos e de meios de otimização e de racionalização do trabalho. No entanto, sabe-se que para isso é necessário que os funcionários construam e se pautem por valores éticos e morais. Apesar de não ter elaborado pesquisas no campo organizacional, Jean Piaget realizou estudos referentes à psicologia moral que podem contribuir para a superação desses desafios, pois a maneira como as pessoas se comportam é produto de relações interindividuais de coação (impositiva e assimétrica) ou de cooperação (simétricas, constituintes e dependentes de acordos). Nesse sentido, ao buscar estabelecer relações cooperativas, as ações dos líderes devem ser pautadas pelo respeito mútuo e estimuladoras de posturas norteadas por uma moral autônoma, ou seja, que leve em conta a opinião dos demais membros (independente da hierarquia). Embora vantajoso, acredita-se serem muitos os desafios encontrados no capitalismo atual para que as relações interpessoais estabelecidas nesses espaços sejam de cooperação, visto que a economia contemporânea não estimula no sujeito virtudes que levem à construção de vínculos duradouros, como o comprometimento, a confiança e a lealdade.

Texto completo:

PDF

Referências


ALLPORT, G. W. Pattern and growth in personality. Fort Worth: Harcourt College Publishers, 1963.

BAUMAN, Z. Vida Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

CODO, W. (Org.). Educação: carinho e trabalho. Rio de Janeiro: Vozes. 1999.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de ética. Brasília: CFP, 1987.

DEJOURS, C. (1987). A loucura do trabalho. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2015.

KANT, I. Resposta à pergunta: Que é “esclarecimento”? (“Aufklärung”). In: VIER, R.; FERNANDES, F. S. de. Immanuel Kant textos seletos. Ed. Bilíngüe (alemão- português). Petrópolis: Vozes, 1985. p. 100-117.

LA TAILLE, Y. de. Desenvolvimento do juízo moral e afetividade na teoria de Jean Piaget. In: ___ (Org.) Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. p. 47-73.

MARX, K. (1867). O Capital. São Paulo: Nova Cultura, 1996. Coleção Os Economistas.

PIAGET, J. (1932). O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 1994.

______. (1936). O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975a.

______. (1937). A construção do real na criança. São Paulo: Ática, 2008.

______. (1946). A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975b.

______. Étude d’épistemologie génétique. Paris: PUF, 1959.

______. (1964). Estudos sociológicos. Rio de Janeiro: Forense, 1973.

PIAGET, J.; INHELDER, B. (s.d.) A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

MARX, K. (1867). O Capital. São Paulo: Nova Cultura, 1996. Coleção Os Economistas.

MASLOW, A. H. Motivation and personality. 2. ed. New York: Harper and Row, 1970.

SENNETT, R. A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2006.

______. A corrosão do caráter. 14. ed. Rio de Janeiro: Record, 2009.

______. O Artífice. 5. ed. Rio de Janeiro: Record, 2015.

SILVA, R. R. D. Sennett & a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.