Medicamentos inadequados para idosos na estratégia da saúde da família

Patricia Huffenbaecher, Fabiana Rossi Varallo, Patrícia de Carvalho Mastroianni

Resumo


O processo de envelhecimento pode alterar os parâmetros farmacocinéticos e farmacodinâmicos, de modo que alguns medicamentos são considerados potencialmente inadequados (MPI) para os idosos, uma vez que aumentam a probabilidade de ocorrência de eventos adversos. Os objetivos são estimar a frequência de idosos em uso de MPI, com interações medicamentosas potencialmente perigosas (IMPP) e avaliar o impacto de intervenção farmacêutica (IF) para a prescrição de alternativas terapêuticas mais seguras. Realizou-se estudo transversal em duas unidades da Estratégia da Saúde da Família (ESF) de um município da região de Araraquara (SP), em janeiro e fevereiro de 2012. Os prontuários médicos dos idosos ?60 anos e que utilizavam pelo menos um medicamento foram consultados para identificação dos MPI e das IMPP, segundo o critério de Beers e a Organização Mundial da Saúde. Os MPI identificados foram classificados segundo o sistema de classificação anatômica-terapêutica-química (ATC) e quanto a essencialidade (critérios de segurança, qualidade, efetividade e custo).A IF constou de carta de orientação ao médico da instituição, com sugestão de equivalentes terapêuticos mais seguros para a faixa etária estudada. Como resultado, 358 idosos contemplaram os critérios de inclusão, sendo que 93 deles (26%) utilizavam pelo menos um MPI. Dos 114 fármacos prescritos para os idosos, dez foram classificados MPI, dos quais quatro atuam no sistema nervoso central, quatro no sistema cardiovascular e dois no trato digestório. Sete MPI estão presentes na relação de medicamentos essenciais (RENAME-2010). Foram identificadas 14 diferentes interações medicamentosas, das quais duas são IMPP (fluoxetina/amitriptilina e digoxina/hidroclorotiazida). Após a IF, não se observaram alterações nas prescrições medicamentosas avaliadas. A prescrição medicamentosa de idosos assistidos nas ESF pesquisadas apresentam problemas de segurança farmacoterapêutica, os quais podem ser responsáveis por agravos à saúde para esta faixa etária. Embora a intervenção por carta não tenha sido efetiva para a adesão dos médicos para a prescrição de equivalentes terapêuticos mais seguros, faz-se necessária ampla divulgação dos MPI e IMPP entre os profissionais prescritores, bem como a inclusão de alternativas mais seguras para idosos na RENAME, a fim de contribuir para a promoção do uso racional de medicamentos.


Palavras-chave


Idosos. Medicamentos potencialmente inadequados. Gerenciamento de segurança. Programa de Saúde da Família.

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