Vulnerabilidade socioambiental e desenvolvimento motor de lactentes expostos ao HIV
Resumo
Introdução: A transmissão Vertical (TV) é a principal responsável pela infecção de crianças menores de 13 anos pelo HIV, e alguns cuidados devem ser tomados a fim de evitar a transmissão do vírus, como o parto cesariano, o não aleitamento materno, cuidados com o pré-natal e a administração de drogas antirretrovirais pela mãe e lactente. Sabe-se que o HIV tem afinidade pelo sistema imunológico e pelo sistema nervoso central (SNC), podendo causar alterações neurológicas especialmente importantes em crianças. Portanto, considerando a exposição ao vírus, à quantidade de medicação e o tempo prolongado para a negativação do HIV em lactentes é de extrema importância o acompanhamento do desenvolvimento neuromotor desses lactentes, permitindo intervenção diagnóstica e terapêutica quando necessário. O estudo avaliou o desenvolvimento motor de lactentes expostos ao HIV em seu primeiro ano de vida, e identificou os cuidados realizados pelas mães durante o pré-natal e as características do lactente ao nascimento. Métodos: Foram avaliados 13 lactentes filhos de mães soropositivas em acompanhamento no SENIC-Santos nas idades de 4, 8 e 12 meses por meio da Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS). Os dados referentes ao pré-natal e dados do nascimento foram obtidos a partir do prontuário dos lactentes ou entrevista com a mãe e/ou responsável. Resultados: Este estudo apresenta suspeita de atraso para o desenvolvimento neuropsicomotor de 30,76% dos lactentes com 4 meses e 15,38% com 8 meses, porém todos foram normalizados. Todos os lactentes receberam ARV e se alimentaram de fórmula láctea. A maioria das mães realizou o pré-natal, profilaxia adequada na gestação e durante o parto, e grande parte realizou cesárea. Conclusão: A qualidade do pré-natal, assim como a profilaxia da mãe e do lactente tem sido corretamente controlada pelo serviço de saúde. Em relação ao desenvolvimento neuropsicomotor menos da metade dos lactentes apresnetaram suspeita de atraso nas idades de 4 e 8 meses, que foi normalizado aos 12 meses de idade. Porém os fatores de risco mais evidentes são correspondentes à vulnerabilidade do contexto socioambiental que influencia no desenvolvimento do lactente.
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