Saúde bucal, qualidade de vida e desempenho de atividades em populações de assentamentos rurais
Resumo
Objetivo: Analisar o impacto da saúde bucal na qualidade de vida e no desempenho diário de atividades de residentes em assentamentos rurais localizados no Estado de São Paulo. Métodos: Estudo Observacional, transversal, quantitativo. Quatro assentamentos rurais foram selecionados pelo porte e tempo de fundação. Responderam aos instrumentos IODD e OHIP 14 dos residentes de cada um dos lotes (n=378). Para a análise estatística, utilizou-se a Regressão logística múltipla para avaliar a associação entre o desfecho (dicotomizado) e variáveis: tipo de assentamento, idade, escolaridade, autoavaliação da saúde bucal e acesso à assistência. Resultados: Para o OHIP, observou-se que o impacto negativo foi 4,4 vezes maior nos residentes em assentamentos pequenos e recentes; 535,8 vezes maior nos participantes que avaliaram a saúde bucal como péssima e 2,7 vezes maior em quem relatou problemas na gengiva. Para o IODD, houve prejuízo no desempenho diário de atividades de participantes que avaliaram sua saúde bucal como péssima (19,6 vezes) e que referiram problemas nos dentes (4,8 vezes). Porém residir em assentamentos pequenos e antigos diminui o impacto negativo na qualidade de vida. O assentamento de maior porte, porém mais antigo apresentou melhor avaliação da saúde bucal. Conclusão: Residentes em assentamentos maiores e mais novos, que avaliaram sua saúde bucal como péssima e relataram problemas com os dentes, apresentaram maior impacto da saúde bucal na qualidade de vida e no desempenho diário de atividades, em contraponto, os residentes de assentamento de maior porte e antigo apresentaram saúde bucal mais favorável, inferindo-se que a proximidade às áreas urbanas, transporte acessível e consolidação no processo de organização social e política do assentamento, são fatores que impactam favoravelmente na qualidade de vida dessas comunidades rurais
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