A experiência da Saúde Coletiva na formação profissional: retrato da extensão universitária
Resumo
As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos Odontologia explicitam a necessidade de formação de um profissional capaz de analisar os problemas de uma comunidade, avaliar as necessidades, e obter soluções para os mesmos. A atividade de extensão pode ser considerada uma ferramenta eficaz de ensino-aprendizagem, pois favorece a diversificação dos ambientes de aprendizagem, permitindo a inserção dos alunos de graduação e pós-graduação em cenários reais. O objetivo neste trabalho foi verificar os projetos e programas, na área de saúde coletiva, relatando as experiências de integração academia-serviços de saúde na formação profissional desenvolvidos pela UNESP-FOA. Foi realizada uma pesquisa histórica, documental, descritiva, com consulta aos arquivos institucionais, considerando: textos oficiais, relatórios, documentos, banco de dados da pró-reitoria de extensão e artigos publicados, no período de 1964 a 2011. Verificaram-se as seguintes experiências: Serviço Extra-Muro Odontológico (SEMO), criado em 1964, objetivando a atenção odontológica à população rural, evidenciando que naquela época já havia o entendimento da inclusão social de grupos negligenciados. Em 1972, o serviço foi ampliado para zona urbana, para várias populações especificas. Nos anos 60 foram realizadas várias campanhas educativas: Filtro caseiro e Construção de poços e fossas, demonstrando a preocupação com os determinantes do processo saúde-doença. Naquele momento iniciaram-se também as campanhas para fluoretação das águas de abastecimento público em diversos municípios: Araçatuba, Birigui, Penápolis, Guararapes e Valparaíso, dentre outros. A Campanha dos “Bons Dentes”, realizada nos anos 70, com o passar dos anos, tomou dimensões amplas, tornando-se o “Programa de Educação em Saúde Bucal”, desenvolvido de forma contínua, em todas as escolas públicas de Araçatuba e em algumas cidades vizinhas, beneficiando as crianças de 6 a 10 anos de idade. Diversos estudos epidemiológicos de campo foram realizados em parceria com as prefeituras municipais, todos com a participação de alunos de graduação e/ou pós-graduação: cárie, periodontopatias, oclusopatias e fluorose dentária, em diferentes municípios, destacando-se o estudo pioneiro no Brasil, sobre esta última afecção, realizado em Pereira Barreto- SP. Atualmente estão cadastrados e em desenvolvimento 12 projetos na Saúde Coletiva da IES na Pró-reitora de Extensão da Universidade. A preocupação com qualificação de recursos humanos em saúde fica demonstrada, com o desenvolvimento de treinamentos, cursos e palestras para os profissionais da rede, destacando-se as capacitações para as equipes da Saúde da Família; Formação e Capacitação de Agente Comunitário de Saúde – Universidade Solidária; Formação e Capacitação de Conselheiros Municipais de Saúde. Na formação de profissionais para o SUS, evidencia-se o papel do programa de Pós-Graduação em Odontologia Preventiva e Social, criado em 1993, formando pesquisadores/professores/gestores e enucleando grupos de pesquisa, em vários estados brasileiros. Em todas as atividades consta participação ativa dos alunos de graduação e pós-graduação e como produtos gerados, resultantes das atividades extensionistas foram encontrados diversos livros, manuais, artigos, folders e cartilhas. Percebeu-se nos relatos dos participantes que as experiências práticas foram válidas para a sua formação. Conclui-se que diferentes projetos e programas têm sido desenvolvidos pela saúde coletiva da UNESP-FOA, permitindo troca de experiência entre universidade e serviços de saúde, com benefícios a todos os envolvidos.
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