Conscientizando idosos e profissionais da saúde acerca das mudanças cognitivas relacionadas à idade

Liane da Silva Vargas, Niege Alves, Marcus Vinícius Soares Lara, Pâmela Billig Mello-Carpes

Resumo


O presente artigo relata um conjunto de ações de extensão que tiveram como objetivo realizar uma abordagem educacional direcionada às pessoas idosas e profissionais que trabalham com esse tipo de população acerca das mudanças cognitivas fisiológicas decorrentes do envelhecimento e suas repercussões na vida diária. Para isto, participaram deste estudo, idosos e profissionais integrantes de grupos de convivência e de unidades básica de saúde. Inicialmente os idosos foram submetidos a uma avaliação da função cognitiva e aspectos emocionais. Também tivemos acesso a dados como idade, presença de doenças crônicas e frequência de realização de atividades física pelos idosos. Os dados coletados foram importantes para o planejamento de uma abordagem expositivo-explicativa, sobre o processo fisiológico do envelhecimento humano, com ênfase nas alterações cognitivas presentes nessa fase da vida, bem como sobre as doenças que interferem e ou agravam este processo. Nessa etapa do estudo expomos os resultados obtidos na avaliação cognitiva desses idosos, explicamos o provável mecanismo pelo qual alguns deles apresentaram alterações nos processos mnemônicos e também mostramos como algumas doenças aceleram o declínio cognitivo quando associados à idade. Posteriormente a estes esclarecimentos, realizamos algumas atividades práticas como forma de demonstrar alternativas simples que colaboram para um envelhecimento saudável, com preservação e ou manutenção das funções físicas e cognitivas. Verificamos que há uma carência de esclarecimentos referentes ao benefício de atividades simples cotidianas importantes para o idoso manter-se ativo cognitiva e fisicamente e, assim conquistar um envelhecimento com melhor qualidade de vida. Além disso, existe carência quanto ao conhecimento da parte dos profissionais do serviço, uma vez que muitos deles não entendem ou desconhecem como acontece o processo fisiológico do envelhecimento e suas implicações no dia-a-dia dos idosos. Podemos perceber que houve uma grande aceitação de nossas ações, tivemos uma integração bastante satisfatória tanto com os idosos como com os profissionais, havendo troca de conhecimentos, informações e esclarecimentos úteis para a melhora do serviço. Além disso, houve interesse da parte dos profissionais em seguir dando esse suporte educacional aos idosos, proporcionando a esses indivíduos mais momentos de lazer aliados à aprendizagem, sendo esses dois fatores essenciais ao desenvolvimento de um envelhecimento saudável com autonomia e melhor qualidade de vida.

Palavras-chave


Cognição. Terceira idade. Envelhecimento. Qualidade de vida.

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