Imagens, vínculo e saúde: experiência com oficinas terapêuticas para idosos

Ana Carolina de Moraes Silva, Isabela Caroline Machado, Isadora Rocha Soler, Rosa Rodrigues de Moraes, Ananda Kenney da Cunha Nascimento

Resumo


Idosos possuem seus direitos garantidos em Constituição, principalmente no que se refere ao cuidado integral para que possam vivenciar um envelhecimento ativo e saudável. Portanto, objetivou-se discutir sobre as atividades de promoção de saúde realizadas junto a idosos por meio da facilitação de oficinas terapêuticas expressivas por estudantes do curso de Psicologia de uma universidade pública do norte do Paraná, pautando-se nos pressupostos de grupo operativo. Trata-se de um relato de experiência extensionista em um serviço de convivência e fortalecimento de vínculos. Participaram das oficinas de três a onze idosos por encontro, tendo ocorrido um total de doze encontros com rodas de conversas mediadas pela utilização de imagens - majoritariamente -, sons e movimentos. Foram trabalhados temas como história de vida, autoimagem, mudanças, adoecimento, autoconhecimento, autocuidado e redes de apoio. Para registrar os dados da intervenção foi utilizado o diário de campo como instrumento. Os resultados foram sistematizados e analisados a fim de discutir as aproximações entre lógica assistencial, ações em saúde e práticas psicológicas com viés terapêutico, apontando à importância da inserção de uma ação alinhada com a demanda e a comunicação de qualidade com o serviço. Essa construção coletiva buscou o envolvimento ativo dos participantes a partir de propostas que incentivaram a autonomia do indivíduo, a cooperação, a reflexão e o pensar criativo. Ademais, diante da alta demanda por um espaço de fala, percebeu-se que, apesar dos obstáculos ao desenvolvimento do grupo, a convivência grupal possibilitou vinculação, empatia e acolhimento entre os participantes, contando com a colaboração dos recursos na expressão de sentimentos, desejos e pensamentos. A partir disso, abordou-se a experiência do envelhecer, o que possibilitou reverberações afetivas, fortalecimento de vínculos interpessoais e aprendizagem. Assim, as oficinas terapêuticas funcionaram como estratégias promotoras de saúde em um espaço socioassistencial que preconiza o cuidado integralizado à terceira idade.

   

Palavras-chave


Envelhecimento; grupo; saúde do idoso; Arte; Psicologia.

Texto completo:

PDF

Referências


BALDIN, T.; MAGNABOSCO-MARTINS, C. R. Oficinas artísticas na universidade aberta para a terceira idade: contribuições para a qualidade de vida de idosos. Rev. Conexão UEPG, Ponta Grossa, v. 11, n.1, abr. 2015. Disponível em: . Acesso em: 23 nov. 2020.

BEZERRA, P. V.; BALDIN, T.; JUSTO, J. S. Oficinas de Psicologia com idosos e as possibilidades de ressignificações do presente e futuro. Rev. Kairós Gerontologia, v. 18, n. 3, set. 2015. Disponível em: . Acesso em 23 nov. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde Mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: MS, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Estatuto do Idoso. 3 ed. Brasília: MS, 2013.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações técnicas para o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para as Pessoas Idosas. Brasília: MDS, 2012.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Perguntas Frequentes: Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Brasília: MDS, 2017.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social PNAS/2004: Norma Operacional Básica NOB/SUA. Brasília: MDS, 2005.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Caderno De Orientações: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Articulação necessária na Proteção Social Básica. Brasília: MDS, 2016.

CASTANHO, P. C. G. O momento da tarefa no grupo: aspectos psicanalíticos e psicossociais. Rev. SPAGESP, Ribeirão Preto, v. 8, n. 2, p. 13-22, dez. 2007. Disponível em: . Acesso em 21 dez. 2020.

______. Uma introdução aos grupos operativos: Teoria e técnica. Vínculo, v. 9, n. 1, p. 47-60, jun. 2012. Disponível em: . Acesso em 21 dez. 2020.

DE ÁVILA, A. H.; GUERRA, M.; MENESES, M. P. R. Se o velho é o outro, quem sou eu? A construção da auto-imagem na velhice. Pensamiento Psicológico, v. 3, n. 8, p. 7-18, 2007. Disponível em . Acesso em 17 dez. 2020.

FISCMANN, J. B. Como agem os grupos operativos. In: ZIMERMAN, D. E.; OSÓRIO, L. C. (Org.). Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sinopse do Censo Demográfico: 2010. Rio de Janeiro. 2011. Disponível em: . Acesso em 30 jun. 2019.

NOGUEIRA, A. L. G. et al. Fatores terapêuticos identificados em um grupo de Promoção da Saúde de Idosos. Rev. Esc. Enferm. USP, v. 47, n. 6, p. 1352-1358, 2013. Disponível em: . Acesso em 21 dez. 2020.

OLIVEIRA, R. C. M. (Entre)linhas de uma pesquisa: o diário de campo como dispositivo de (in)formação na/da abordagem (auto)biográfica. Rev. Brasileira de Educação de Jovens e Adultos, v. 2, n. 4, 2014. Disponível em: . Acesso em 18 nov. 2020.

PAIM, J. S. Modelos de atenção à saúde no Brasil. In: GIOVANELLA, L.; ESCOREL, S.; LOBATO, L. V. C.; NORONHA, J. C.; CARVALHO, A. L. (Orgs.). Políticas e sistemas de saúde no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2013.

PHILIPPINI, A. Linguagens e Materiais Expressivos em Arteterapia: Uso, Indicações e Propriedades. Rio de Janeiro: Wak, 2009.

PICHON-REVIÈRE, E. O processo Grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1982.

POSSAMAI, V. D. Percepção dos idosos participantes de um programa de extensão sobre os pressupostos da política de envelhecimento ativo. 2017. 113 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017. Disponível em: . Acesso em 21 dez. 2020.

REIS, A. C. dos. Arteterapia: a arte como instrumento no trabalho do Psicólogo. Psicol. Cienc. Prof., Brasília, v. 34, n. 1, p. 142-157, mar. 2014. Disponível em: . Acesso em 16 nov. 2020.

RIBEIRO, P. C. C. A psicologia frente aos desafios do envelhecimento populacional. Gerais, Rev. Interinst. Psicol., Juiz de Fora, v. 8, p. 269-283, dez. 2015. Disponível em . Acesso em 30 jun. 2019.

SÁ, S. P. C. et al. Oficinas terapêuticas para cuidadores de idosos com demência: atuação da enfermagem no programa interdisciplinar de geriatria e gerontologia da UFF. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., v. 9, n. 3, p. 101-114, 2006. Disponível em: . Acesso em: 03 jul. 2019.

SAMPAIO, J.; SANTOS, G. C.; AGOSTINI, M.; SALVADOR, A. S. Limites e potencialidades das rodas de conversa no cuidado em saúde: uma experiência com jovens no sertão de Pernambuco. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 18, supl. 2, p. 1299-1311, 2014. Disponível em: . Acesso em: 21 dez. 2020.

SOARES, A. N.; REINALDO, A. M. S. Oficinas terapêuticas para hábitos de vida saudável: um relato de experiência. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 391-398, jun. 2010. Disponível em: . Acesso em: 02 jul. 2019.

SOUZA, L. G. S.; PINHEIRO, L. B. Oficinas terapêuticas em um Centro de Atenção Psicossocial – álcool e drogas. Aletheia, Canoas, n. 38-39, dez. 2012. Disponível em: . Acesso em: 01 jul. 2019.

VALLADARES, A. C. A. et al. Reabilitação psicossocial através das oficinas terapêuticas e/ou cooperativas sociais. Rev. Eletrônica de Enfermagem, v. 5, n. 1, 2003. Disponível em: . Acesso em: 02 jul. 2019.

ZIMERMAN, D. E. Grupoterapia psicanalítica. In: ZIMERMAN, D. E.; OSÓRIO, L. C. (Org.). Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.




DOI: https://doi.org/10.23901/1679-4605.2021v17p325-340

Creative Commons License
Revista Ciência em Extensão by Pró-Reitoria de Extensão Universitária e Cultura - UNESP - Brasil is licensed under a Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil License.
Based on a work at ojs.unesp.br.
Permissions beyond the scope of this license may be available at http://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/about/editorialPolicies#custom0.