Desafios para recomposição da equipe editorial
Resumo
A Revista Ciência em Extensão (RCE) publica em seu segundo número de 2019, doze trabalhos provenientes de Instituições de Ensino Superior do Rio Grande do Sul ao Amazonas, demonstrando a abrangência da RCE no cenário nacional ao divulgar as ações e atividades de Extensão Universitária desenvolvidas nessas diferentes instituições de ensino.
Em 2019, com a finalidade de atender à crescente demanda no processo editorial, iniciamos a recomposição da equipe editorial da Revista Ciência em Extensão. Como desafio para o pleno funcionamento da RCE tivemos ao mesmo tempo o aumento das submissões e a diminuição da equipe devido às aposentadorias e ao menor envolvimento de editores e avaliadores, talvez justificado pelo acúmulo de trabalho que comprometeu as atividades dos docentes na Universidade. Outro aspecto a ser adicionado aos desafios foi relacionado ao quase inexistente financiamento da revista no primeiro semestre. A crise que acometeu os aspectos financeiros e o envolvimento da equipe, incluindo a falta de conhecimento do sistema de editoração eletrônica de revistas por parte dos novos editores de seção levou a situação atual da RCE que desde a nomeação do atual Conselho Editorial nunca enfrentou tamanha crise. Após 12 anos de publicações rigorosamente nos prazos, publicaremos as 3 edições de 2019 e, portanto, iremos recuperar a periodicidade da Revista Ciência em Extensão até o final do ano de 2019.
Apesar da situação, o acesso à RCE não foi reduzido de forma expressiva. O sistema de verificação de acesso às páginas da RCE por meio da configuração do Plugin do Google Analytics no sistema de editoração (Open Journal System) evidenciou o crescente acesso à RCE no primeiro semestre de 2019. No período de 01/01 até 30/06/2019 houve 108.712 visualizações de página de 40.775 usuários de 76 países. A análise de cobertura regional - Brasil, demonstrou que 95,9% das visitas foram provenientes de 1.064 cidades.
Nesta segunda edição de 2019, a RCE apresenta 5 artigos de Instituições de Ensino Superior de várias regiões do Brasil (UNIPAMPA - IFPB - UFAM – UFT – UFMT) e 7 relatos de experiências em extensão universitária provenientes 6 diferentes Instituições (2 da UEPG e os demais relatos de 5 IES - UNESP FAAC - CESMAC - UFPR – PUCRS – UFVJM). Dos trabalhos apresentados neste número, 7 são da área da saúde, 3 da área da cultura, 1 da área de ciências agrárias e veterinárias e 1 da área da educação. Interessante destacar o quanto a extensão universitária está presente na área de saúde, o que pode sugerir a facilidade da compreensão de ações extensionistas com essa temática, mas nos chama a atenção a diminuição na área da educação.
Assim, o primeiro artigo desta edição intitulado Percepção de usuários de uma ESF sobre Acidente Vascular Encefálico, de autoria de Pâmela Billig Mello-Carpes e de Mayara Marques de Souza, investigou o conhecimento de 20 participantes cadastrados em uma Estratégia da Saúde da Família sobre o Acidente Vascular Encefálico, como cuidados iniciais, sinais e sintomas e o que fazer diante de um AVE. Os resultados mostraram que apesar de terem algum conhecimento sobre o AVE possuem carência de informações importantes, principalmente não saber que atitude tomar caso perceba que alguém está senso acometido por um AVE o que representa uma importante ação de divulgação científica na atenção primária à saúde junto à comunidade com a intenção de contribuir para a diminuição dos índices de ocorrência da doença e sequelas pós-evento. Apesar da devolutiva com pequena participação, a realização de uma ação extensionista de divulgação científica na atenção primária é importante ser realizada visando contribuir para a diminuição dos índices de ocorrência da doença e sequelas pós-evento por meio de um rápido atendimento o que minimizaria os custos de internações hospitalares assim como comprometimentos e cuidados junto aos familiares.
Na sequência o artigo Uma Saúde e Posse Responsável Animal: disseminando conceitos em Sousa-PB, de autoria de Jéssica Monique dos Santos Lima e colaboradores analisou os conhecimentos de 1113 estudantes de 3 Escolas de Souza - PB sobre a temática proposta evidenciando que apesar de haver conhecimento prévio acerca dos temas, dado os resultados obtidos, estes foram insatisfatórios ao questionamento referente às zoonoses, principalmente nas turmas de 7º e 9º ano do Ensino Fundamental. Tais atividades extensionistas são fundamentais para a conscientização de crianças e adolescentes em relação aos cuidados com os animais, seja vacinação, vermifugação, cuidados com higiene e alimentação, além da atenção com a saúde psicológica do animal. Esses cuidados permitem uma vida saudável para o animal e para quem convive com ele.
No terceiro artigo da edição, Rita Luana Ribeiro Soares e colaboradores apresentam os resultados do artigo Sintomas Osteomusculares e Ginástica Laboral: uma extensão para o setor educacional. Os autores se propõem a descrever os fatores do trabalho que podem contribuir para o surgimento de sintomas osteomusculares, bem como apresentar os resultados de um programa de ginástica laboral junto aos professores e técnicos do setor administrativo educacional do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM) desenvolvidos no projeto de extensão universitária intitulado “Promoção de Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho”.
Os dados obtidos permitiram sugerir, com base nos relatos dos participantes, que a atividade laboral possibilitou a melhora do bem-estar, o aumento da disposição e desempenho e a motivação, apontando que os distúrbios osteomusculares são frequentes em profissionais no âmbito escolar destacando que a ginástica laboral associada a ações educacionais em saúde e ergonomia proporcionam benefícios importantes para a qualidade de vida de seus praticantes.
A seguir, Viviane Ferreira Santose Caroline Roberta Freitas Pires apresentam em seu artigo Estratégia de formação para Manipuladores de alimentos de Escolas Públicas atendidas pelo PNAE, uma proposta metodológica para capacitar manipuladores de alimentos envolvidos com a alimentação escolar nas escolas estaduais do município de Palmas - TO. Setenta e seis (76) profissionais de dezenove (19) Escolas Estaduais participaram da capacitação embasada em conteúdos teóricos e práticos, favorecendo dinamismo e interatividade para evitar a linearidade, a passividade, a homogeneidade dos participantes. O uso de atividades lúdicas como técnica de ensino se mostrou apropriada ao conteúdo educativo trabalhado e foi capaz de incentivar a reflexão e o debate sobre o tema, proporcionando uma melhor assimilação dos conteúdos programáticos para atender as necessidades do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
O último artigo desta seção de autoria de Tatiane Lebre Dias e colaboradores apresentam o trabalho intitulado Ações de humanização no contexto da enfermaria pediátrica, aspecto de essencial importância no que diz respeito aos efeitos da hospitalização para as crianças e seus familiares. Numa perspectiva multidisciplinar na realização do Projeto de Extensão Universitária “Fora da bolha: atenção multidisciplinar no contexto da enfermaria pediátrica”, as autoras desenvolveram ações de humanização mediante um conjunto de atividades voltadas para a criança, familiares cuidadores e equipe de saúde envolvidas. Tais atividades, com ênfase no aspecto lúdico, possibilitaram que tanto a criança, quanto o familiar cuidador e a equipe de saúde lidassem com situações do cotidiano de hospitalização de forma mais amena, entendo inclusive aspectos médicos invasivos que pudessem ocorrer durante o tratamento.
Após realização das diferentes atividades, as ações foram avaliadas e mostraram a expressão de muito feliz apontada pelos envolvidos com a realização das atividades com brinquedo terapêutico, passeio terapêutico, eventos culturais e orientações familiares. Os resultados apontam a importância dessas atividades no contexto hospitalar num processo de humanização da saúde o que favorece a minimização dos possíveis efeitos do processo de internação favorecendo a melhora da qualidade de vida da criança, familiares e equipe de saúde.
O primeiro texto da Seção de Relatos de Experiências de Flavia Scigliano Dabbur e colaboradores, intitulado Promoção do uso racional de fotoprotetores, teve como proposta diferentes orientadoras quanto ao uso correto de fotoprotetores. A investigação apontou que apesar das pessoas fazer uso de fotoproteção, muitas ainda são de maneira equivocada. Os resultados demonstraram que as ações foram muito bem aceitas tanto pelos participantes, alunos e professores envolvidos como para a comunidade que sempre se envolveu em novas ações.
Considerando o resultado positivo e o forte impacto dessa ação extensionista, ela terá continuidade junto ao Curso de Enfermagem como ação efetiva com a comunidade universitária e extramuros da universidade abrangendo a sociedade local haja vista que é um assunto é de grande valia, sempre muito abordado mas por ter muitas especificidades é importante que seja muito bem conduzido, destacaram os autores.
O segundo relato de experiência de autoria de Ana Maria Caliman Filadelfi e colaboradores, teve como título o Uso da web e da pesquisa na educação enquanto prática extensionista. As atividades realizadas a partir do projeto de extensão, “Fisiologia na educação de jovens para a cidadania”, teve o objetivo de ampliar a formação cidadã de crianças e adolescentes. A divulgação dos materiais didáticos utilizados nas aulas mediante as mídias virtuais tem permitido bom acesso não só do público envolvido no projeto, como também da comunidade em geral ao terem contato com temas que incluem higiene, saúde, uso de medicamentos e de drogas. O relato aponta para a importância em associar pesquisa e extensão universitária, qualificando a própria prática acadêmico-profissional.
O texto seguinte, intitulado Projeto Rondon: oficina de teatro na escola para a valorização do patrimônio local de Jacobina-PI, de autoria de Eduardo Cristiano Hass da Silva e Silvia Ramalho Pereira, apresenta interessante resgate histórico do Projeto Rondon em sua primeira fase que durou de 1967 até 1989, quando foi extinto. Em sua segunda fase, com início em 2003, o Projeto Rondon tem como objetivos articulam o desenvolvimento para a cidadania do estudante universitário brasileiro e o desenvolvimento local sustentável em comunidades carentes.
Neste texto, os autores relatam as ações do “Teatro na Escola”, realizada na cidade de Jacobina do Piauí, durante a Operação Canudos do Projeto Rondon, no ano de 2013. A atividade funcionou como um espaço para rememorar e preservar parte do patrimônio imaterial da cidade envolvendo os participantes do grupo de teatro e os moradores da cidade, que puderam auxiliar com suas próprias histórias e conhecimentos adquiridos ao longo da vida. Os autores ressaltam que o teatro enquanto expressão artística, é um excelente mecanismo para despertar o interesse pelo patrimônio local dos sujeitos que o vivenciam. Ao entrarem em contato com o trabalho artístico, os jovens jacobinenses, apesar de suas particularidades e singularidades, encontraram na história local de seu município, elementos capazes de articulá-los em torno de uma identidade comum.
No quarto relato, Fórum conexão dos saberes: Extensão Universitária promovendo o desenvolvimento social, os autores Giselia Aparecida Marques e colaboradores descrevem as ações do grupo PET – Conexão de Saberes, oriundo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, assim como apresentam os resultados alcançados por meio do Fórum Conexão dos Saberes, que vem sendo realizado há seis anos, ininterruptamente. O público alvo das atividades programadas foram representantes de comunidades rurais quilombolas, gestores do município de Serro-MG, organizações não-governamentais e entidades governamentais.
A seguir, os autores Andreliza C. Souza, Andre Assmann e Rita de Cássia da Silva Oliveira apresentam o relato Extensão, arte e cultura envolvendo gerações que descreve as ações realizadas na 1ª Prenda Veterana e no 1º Peão Veterano da Segunda Região Tradicionalista do Movimento Tradicionalista Gaúcho do Paraná, entre os anos de 2013 e 2014. Os objetivos principais destas ações foram resgatar os princípios do tradicionalismo gaúcho, principalmente a valorização de sua trajetória na região dos Campos Gerais, na cidade de Ponta Grossa – PR, uma vez que a cidade teve origem por conta da rota dos tropeiros gaúchos. O relato é resultado do projeto de extensão “Do passado ao futuro das raízes gaúchas na cultura pontagrossense: a arte tradicionalista envolvendo gerações” na Universidade Aberta para a Terceira Idade da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Diversas atividades foram realizadas e um aspecto extremamente importante foi possibilitar a troca de experiências entre jovens e participantes da terceira idade.
O sexto relato, Liga de urgências e emergências clínicas: relato de experiências de modelo de ensino prático apresenta os resultados no ensino de duas áreas da medicina que, segundo os autores Andrey Biff Sarris e colaboradores, têm sido considerados insatisfatórios. São elas: urgência e emergência. Os resultados apresentados foram obtidos pela Liga de Urgência e Emergência Clínica – LUEC, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, ao longo de quatro anos de atuação. O papel da Liga é capacitar seus integrantes, melhorando a prestação dos serviços oferecidos à comunidade local que precisa de atendimento emergencial. Neste trabalho poderão ser encontrados relatos dos participantes da Liga, focando na importância do projeto em sua formação acadêmica e nos potenciais benefícios da atividade para a comunidade.
Os último relato, dos autores Erika Gushiken, Paulo Ricardo Cavalcante e Thais Regina Ueno Yamada apresentam o trabalho Atividades artísticas na terceira idade: rejuvenescendo com aquarela que apresenta as atividades do projeto de extensão UNATI (Universidade Aberta a Terceira Idade), da Unesp, mostrando as experiências vividas pelos participantes em diversas atividades artísticas, dentre elas, destaca-se o projeto “Rejuvenescendo com Arte”, um de seus segmentos que trabalha com a aplicação de atividades como lápis aquarelável e posteriormente pintura em aquarela, por exemplo. Alguns ajustes foram sendo realizados no decorrer da execução do projeto e ao final, notou-se uma melhora na aplicabilidade da aquarela e na sensibilização referente ao uso das cores, por parte dos integrantes do projeto.
Neste número pudemos compartilhar com os leitores ações e atividades extensionista de grande impacto no meio social e acadêmico, fortalecendo o importante papel que a Extensão Universitária realiza ao possibilitar que o estudante tenha contato com diferentes realidades para a construção do seu “ser profissional”.
Desejamos que os leitores apreciem os textos que são disponibilizados!
Boa leitura!
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