Agricultura familiar e a feira de economia solidária em Lages, SC: uma análise na perspectiva dos feirantes

Geraldo Augusto Locks, João Eduardo Branco de Melo, Juliano Branco de Moura, Maria Aparecida da Fonseca, Elisângela de Oliveira Fontoura, Jonatas da Silva Campos, Thais Esteves Ramos Fontana

Resumo


O objetivo deste texto é refletir sobre a agricultura familiar e sua relação com a Feira Municipal de Economia Solidária de Lages, SC, a partir das percepções dos agricultores familiares feirantes. São colocados em cena alguns tópicos como, qualidade dos produtos e relação com os consumidores; dificuldades encontradas na agricultura familiar; o significado da comercialização direta; a feira e o desenvolvimento da agricultura familiar; vivências e percepções de consumidores, evolução da comercialização; expectativas sobre o futuro da feira. Da fundação de Lages em 1776 até 1940, predominou economicamente a criação de gado de modo extensivo em grandes fazendas, sendo esta atividade sucedida pela atividade da exploração da madeira (1940-1970). Neste contexto, os agricultores familiares ocuparam terras em regiões ribeirinhas ou fundos de fazenda. A produção de subsistência se caracterizava pelo plantio de milho e feijão de modo convencional, criação de animais de pequeno porte, sendo o excedente comercializado na cidade de Lages. A Administração Municipal de 1976-1982, denominada “A Força do Povo” desenvolveu projetos significativos voltados para a agricultura familiar. Na Administração de 2012-2016 a Secretaria de Agricultura e Pesca voltou a priorizar a agricultura familiar, com especial atenção para a organização de feiras de comercialização na cidade. Uma delas, que veio identificada como “Feira Municipal de Economia Solidária”. Em 2014 o movimento conquistou status de política pública. Além dos agricultores familiares, participam outros empreendimentos solidários urbanos. A feira vem num processo de consolidação gerando visibilidade e valorização de seus protagonistas, como nunca aconteceu na história da agricultura familiar na região. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, bibliográfica, associada a pesquisa de campo com roteiro semiestruturado. Espera-se que este trabalho fortaleça a feira como uma manifestação da política pública de economia solidária, provoque a participação de outros empreendimentos solidários do meio rural e urbano, bem como aponte para lacunas existentes no desenvolvimento da agricultura familiar como importante setor da economia regional e garantia da soberania alimentar saudável.


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DOI: https://doi.org/10.23901/1679-4605.2021v17p237-254

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