Ações de humanização no contexto da enfermaria pediátrica
Resumo
De acordo com a literatura da área são variados os efeitos da hospitalização para a criança, sendo este gerador de consequência em diferentes aspectos da vida. A família é outro elemento afetado por esse processo, podendo a internação de um filho desencadear alterações físicas e emocionais, sofrimento psíquico, principalmente, para aqueles que acompanham a criança. A presença de espaço lúdico no contexto hospitalar é considerada um aspecto indispensável para a recuperação da saúde da criança e para tornar o espaço hospitalar mais humanizado. Este trabalho foi realizado a partir do projeto de extensão - Fora da bolha: atenção multidisciplinar no contexto da enfermaria pediátrica – que objetivou desenvolver ações de humanização através de um conjunto de atividades voltadas para a criança, familiar e equipe de saúde. Mais especificamente buscou-se descrever a percepção da criança, do familiar cuidador e equipe de saúde frente ao desenvolvimento de atividades como brinquedo terapêutico (objetivo de familiarizar as crianças e os familiares aos procedimentos invasivos), passeio terapêutico (em hospitalizações prolongadas acompanhar crianças e cuidador a passeios fora do ambiente hospitalar) e eventos culturais (comemoração de datas que são expressão do patrimônio cultural) e orientação familiar (orientar a família no processo de adesão ao tratamento) realizadas no período de hospitalização na enfermaria pediátrica. O estudo contou com 42 participantes incluindo criança, familiar cuidador e equipe de saúde de um hospital público de Cuiabá-MT. O estudo foi desenvolvido a partir de um delineamento descritivo, foi aplicado nas crianças, cuidadores e equipe de saúde um questionário contendo questões aberta e fechadas que visava conhecer a percepção dos participantes frente às atividades lúdicas desenvolvidas na enfermaria. Uma das questões foi apresentada em forma de escala de expressões assim retratadas: muito triste, triste, normal, alegre e muito alegre. Em relação às atividades desenvolvidas observou-se os seguintes resultados: a) brinquedo terapêutico: após a realização a maioria dos participantes indicaram a expressão “muito feliz”; b) passeio terapêutico: após o passeio “muito feliz” foi a expressão mais indicada pelas crianças e o familiar cuidador; c) eventos culturais: do total de trinta participantes a maioria (n= 26) indicou a expressão “muito feliz”, três indicaram a expressão “feliz” e apenas uma pessoa indicou a expressão “triste”, após a realização dos eventos culturais; d) orientação familiar: “feliz” e “muito feliz” foram as expressões mais indicadas após a realização da orientação familiar. A presença dessas atividades no contexto hospitalar auxilia na minimização os efeitos da internação e colaboram no processo de adaptação às regras do hospital, e promovem a articulação entre a criança e a família com a equipe de saúde. Desse modo, busca-se proporcionar melhor qualidade vida no contexto da hospitalização infantil e garantir os preceitos da humanização hospitalar.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
BARROS, L. As consequências psicológicas da hospitalização infantil: Prevenção e controlo. Análise Psicológica. Lisboa, v. 16, n. 1, p. 11-28, 1998. Disponível em http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82311998000100003&lng=pt&nrm=iso Acesso em: 16 fev. 2017.
BENTO, A. et al. Brinquedo terapêutico: uma análise da produção literária dos enfermeiros. Gestão e Saúde, Brasília, DF. Brasil, v. 2, n. 1, p. 90-94, out. 2011.
BRASIL. Lei Nº 8069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L8069.htm . Acesso em: 13 fev. 2017.
BRASIL. Lei Nº 11.104, de 21 de março de 2005. Dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. Brasília, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11104.htm .Acesso em: 13 fev. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar / Ministério da Saúde, Secretaria de Assistência à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnhah01.pdf. Acesso em: 13 fev. 2017.
CLARO, M. T. Escala de faces para avaliação da dor em crianças: etapa preliminar. 1993. 50f. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 1993.
COSTA, J.; MOMBELLI, M.; MARCON, S. Avaliação do sofrimento psíquico da mãe acompanhante em alojamento conjunto pediátrico. Estud. Psicol., Campinas , v. 26, n. 3, p. 317-325, 2009
ESCOBAR, E. M. A.; MELLIN, A. S.; TAPIA, C. E. V.; PIOVESAN, R. C.; NOGUCHI, S. T. O uso de recursos lúdicos na assistência a criança hospitalizada. Revista Ciência em Extensão, v. 9, n. 2, p. 106-119, 2013.
ESTEVES, C.; ANTUNES, C.; CAIRES, S. Humanização em contexto pediátrico: o papel dos palhaços na melhoria do ambiente vivido pela criança hospitalizada. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 18, n. 51, p. 697-708, 2014.
FLOSS, M. et al. A humanização através do programa Recrutas da Alegria da FURG: um relato de experiência. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 37, n. 3, p. 464-470, 2013.
HENEGHAN, A.; MERCER, M.; DE LEONE, N. Will mothers discuss parenting stress and depressive symptoms with their child's pediatrician?. Pediatrics, v.113, n. 3, p. 460-7, 2004.
KOHLSDORF, M.; COSTA JUNIOR, A. L. Estratégias de enfrentamento de pais de crianças em tratamento de câncer. Estud. Psicol., Campinas, v. 25, n. 3, p. 417-429, 2008.
LAPA, D.; SOUZA, T. A percepção do escolar sobre a hospitalização: contribuições para o cuidado de enfermagem. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 45, n. 4, p. 811-817, 2011.
LOPES, B.; PAULA, E. O significado das festas em uma brinquedoteca hospitalar: promoção da saúde, da cultura e da vivência da infância para crianças enfermas. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 168-193, 2012.
MARCON, S. et al. Vivência e reflexões de um grupo de estudos junto às famílias que enfrentam a situação crônica de saúde. Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 14, p. 116-124, 2005.
MARTINS, A., SILVA, J., FERRAZ, L. Orientações de enfermagem na alta hospitalar: contribuições para o paciente e cuidadores. 2013. Disponível em: http://www.convibra.com.br/upload/paper/2013/70/2013_70_7857.pdf Acesso em: 13 fev. 2017.
MEDEIROS, L.; BATISTA, S. Humanização na formação e no trabalho em saúde: uma análise da literatura. Trab. educ. saúde, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 925-951, 2016.
MENÇA, V. B.; SOUSA, S. S. P. S. A criança e o processo de hospitalização: os desafios promovidos pela situação da doença. Disponível em: Acesso em: http://www.dombosco.sebsa.com.br> Acessado em 13 fev. 2017.
MOREIRA, L.; DIAS, T. L.; ALVES, P.; ARISI, V.; XAVIER, M. O passeio terapêutico como estratégia de enfrentamento na hospitalização infantil. In: XII CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. 2015, Curitiba. Anais. Disponível em: http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/17375_7837.pdf . Acesso em: 13 fev. 2017.
PINTO, M. et al. Atividade lúdica e sua importância na hospitalização infantil: uma revisão integrativa. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 13, n. 2, p. 298-312, 2015. Disponível em: http://periodicos.unincor.br/index.php/revistaunincor/article/view/2292. Acesso em: 16 fev. 2017.
PONTES, J. et al. Brinquedo terapêutico: preparando a criança para a vacina. Einstein (São Paulo), São Paulo, v. 13, n. 2, p. 238-242, 2015.
SILVA, R. P Efeitos da hospitalização prolongada: o impacto da intervenção na qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores. 2016. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia). Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016
Revista Ciência em Extensão by Pró-Reitoria de Extensão Universitária e Cultura - UNESP - Brasil is licensed under a Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil License.
Based on a work at ojs.unesp.br.
Permissions beyond the scope of this license may be available at http://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/about/editorialPolicies#custom0.