Odontologia Hospitalar: desafios, importância, integração e humanização do tratamento
Resumo
A Odontologia Hospitalar envolve ações que promovem cuidados às alterações bucais de alta complexidade, as quais necessitam de atividades multidisciplinares. Por se tratar de uma especialidade integrada o paciente é visto como um todo e, o zelo à cavidade bucal, se dá como forma de proteção contra microrganismos que possam comprometer a saúde do paciente. Com base nessa assertiva, o presente projeto de extensão sistematizou e aprimorou o cuidado com a saúde bucal no setor hospitalocêntrico dos pacientes da Santa Casa de Misericórdia do Perpétuo Socorro de uma cidade na região do Sul de Minas Gerais, Brasil. Por meio de orientações e acolhimento aos pacientes internalizados, realizou-se ações preventivas e de promoção da saúde bucal, bem como conversas ressaltando a importância da inserção do cirurgião-dentista na equipe hospitalar. Para a coleta de dados, aplicou-se um questionário semiestruturado com conteúdo direcionado aos aspectos odontológicos e demográficos. Em seguida realizou-se um levantamento epidemiológico das principais doenças bucais (cárie e doença periodontal), perda dentária e alteração de tecido mole. Os resultados evidenciaram que 48,40% dos pacientes após a internação relatavam manifestações na cavidade bucal, tais como xerostomia (44,90%), boca amarga (22,20%) e halitose (4,30%). Quanto aos cuidados com a higiene oral, 76,30% disseram ter consigo uma escova de dente e 62,90% dos pacientes afirmaram ter realizado a escovação após a internação. Grande parte dos indivíduos não relatou nenhum tipo de dor sistêmica, contudo, daqueles que afirmaram (30,40%), apenas 9,43% disseram haver influência da sintomatologia dolorosa para a realização da higienização bucal, sendo que 6,40% afirmou ser pela intensidade da dor e não pelo local da mesma. Quanto à presença de acompanhantes, 40,40% dos participantes relataram estarem com um familiar ou amigo durante a hospitalização. Durante a avaliação clínica da cavidade bucal, observou-se uma média de dentes ausentes (18,56%) e presentes (13,59%), o que proporcionou um CPOD de 11,10. Ao avaliar as condições periodontais, através do Índice Periodontal Comunitário (CPI), notou-se que apenas 6,99% dos indivíduos não apresentaram cálculo e/ou sangramento gengival. Quanto à perda dentária, foi possível perceber que 34,04% dos indivíduos internados eram edêntulos totais, dos que necessitavam de prótese total, 37,70% se referia à superior, e 31,60% de prótese total inferior. Em relação às alterações de tecido mole, 76,30% dos interrogados não apresentaram alteração, e 21,90% a desenvolveram pelo uso de prótese, ao dente e/ou lábio. A maioria dos pacientes entrevistados (94,50%) considerou importante a presença do cirurgião-dentista no corpo clínico para contribuir no cuidado integral da saúde dos pacientes hospitalizados. Na perspectiva dos acadêmicos, houve uma troca de saberes disciplinares vinculados aos pacientes hospitalizados, possibilitando a produção de novos conceitos, ampliando a visão do estudante e da sociedade em relação à importância do tratamento odontológico ao paciente internalizado. A partir dessa experiência, pôde-se identificar que as atividades desenvolvidas pelo projeto proporcionaram ao acadêmico uma experiência singular e um conhecimento ampliado da Odontologia Hospitalar.
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