Produção, beneficiamento e adequação à legislação do pólen apícola desidratado, produzido no Brasil

Adriane Alexandre Machado De-Melo, Alex da Silva de Freitas, Ortrud Monika Barth, Ligia Bicudo Almeida-Muradian

Resumo


O objetivo deste estudo foi obter dados a respeito da produção e verificar a adequação, com base na legislação brasileira, das práticas adotadas durante o beneficiamento do pólen apícola coletado em nove Estados brasileiros; e, ainda, identificar a percepção dos produtores quanto a vegetação forrageada pelas abelhas. A coleta dos dados foi realizada junto aos apicultores por meio de questionário e, em laboratório, foram identificados o teor de umidade e a origem botânica das 69 amostras. Observou-se que o número de colmeias produtivas, por estabelecimento, foi de 3 a 300. O coletor tipo frontal foi utilizado por todos os produtores que responderam a esta questão. O intervalo entre as etapas de coleta e de desidratação foi variável e apenas duas amostras foram liofilizadas, enquanto as demais foram desidratadas em estufa. Parte das amostras foi desidratada sob temperatura acima do limite estabelecido na legislação e 91% dos produtos analisados tinham teor de umidade acima do limite de 4%. Nenhum aditivo foi utilizado em qualquer etapa do processo. A análise polínica indicou que, em alguns casos, os produtores foram capazes de perceber as plantas visitadas pelas abelhas apenas acompanhando o forrageamento. Concluiu-se que a produção de pólen apícola foi realizada por pequenos ou médios produtores, os quais adotam práticas variadas de produção e beneficiamento, respeitando o não uso de aditivos, porém, com falhas quanto a temperatura de desidratação e o teor de umidade no produto final. Além disso, quando os produtores acompanham efetivamente a coleta de pólen pelas abelhas, eles são capazes de perceber as fontes poliníferas.

Palavras-chave


Pólen apícola. Produção. Beneficiamento. Umidade. Origem botânica.

Texto completo:

PDF

Referências


ALMEIDA-MURADIAN, L.B.; ARRUDA, V.A.S.; BARRETO, L.M.R.C. Manual de Controle de Qualidade do Pólen Apícola. São Paulo: APACAME, 2012. 28 p.

ALVES, M.L.T.M.F. Produção de pólen apícola. Apta Regional, v.10, n.2, 2013.

ARGENTINA. Ley nº 18.284, de 30 de junio de 1971. La Secretaría de Estado de Salud Pública establece la vigencia de las normas higiénico-sanitarias, bromatológicas y de identificación comercial contenidas en el Código Alimentario Argentino. Boletin Oficial, Buenos Aires, 20 set. 1971.

ARRUDA, V.A.S.; SANTOS-PEREIRA, A.A.; FREITAS, A.S.; BARTH, O.M.; ALMEIDA-MURADIAN, L.B. Dried bee pollen: B complex vitamins, physicochemical and botanical composition, Journal of Food Composition and Analysis, v. 29, n.2, p.100-105, 2013.

BARRETO, L.M.R.C.; FUNARI, S.R.C.; ORSI, R.O. Composição e qualidade do pólen apícola proveniente de sete Estados brasileiros e do Distrito Federal, Boletim de Indústria Animal, v.62, n.2, p.167-175, 2005a.

BARRETO, L.M.R.C.; FUNARI, S.R.C.; ORSI, R.O. Pólen apícola: perfil da produção no Brasil. In: CONGRESSO DE APICULTURA DEL MERCOSUR, 1, Punta Del Este, 2005b. Anais. Punta Del Este: Sociedad de Apicultores Uruguaya, 2005. p.20.

BARTH, O. M. Análise microscópica de algumas amostras de mel. 1. Pólen dominante. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v.42, n.2, p.351-366, 1970a.

BARTH, O. M. Análise microscópica de algumas amostras de mel. 2. Pólen acessório. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v.42, n.3, p.571-590, 1970b.

BARTH, O. M. Análise microscópica de algumas amostras de mel. 3. Pólen isolado. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v.42, n.4, p.747-772, 1970c.

BARTH, O. M. O pólen no mel brasileiro. Rio de Janeiro: Luxor, 1989. 150p.

BARTH, O.M.; FREITAS, A.S.; OLIVEIRA, E.S.; SILVA, R.A.; MAESTER, F.M.; ANDRELLA, R.R.S.; CARDOZO, G.M.B.Q. Evaluation of the botanical origin of commercial dry bee pollen load batches using pollen analysis: a proposal for technical standardization. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v.82, n.4, p.893-902, 2010.

BASTOS, D.H.M.; ROCHA, C.I.; CUNHA, I.B.S.; CARVALHO, P.O.; TORRES, E.A.S. Composição e qualidade de pólen apícola comercializado em algumas cidades nos estados de São Paulo e Minas Gerais - Brasil. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v.62, n.3, p.239-244, 2003.

BOGDANOV, S. The bee pollen book: chapter 1, 2012. Disponível em: www.bee-hexagon.net. Acesso em: 15 fev. 2013.

BRASIL. Instrução Normativa nº 3, de 19 de janeiro de 2001. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento aprova os regulamentos técnicos de identidade e qualidade de apitoxina, cera de abelha, geléia real, geléia real liofilizada, pólen apícola, própolis e extrato de própolis. Diário Oficial da União, Brasília, 23 jan. 2001. Seção 1, p.18.

CAMPOS, M.G.R.; BOGDANOV, S.; ALMEIDA-MURADIAN, L.B.; SZCZESNA, T.; MANCEBO, Y.; FRIGERIO, C.; FERREIRA, F. Pollen composition and standardisation of analytical methods. Journal of Apicultural Research and Bee World, v. 47, n. 2, p. 156-163, 2008.

CARPES, S.T. Estudo das características físico-químicas e biológicas do pólen apícola de Apis mellifera L. da Região Sul do Brasil. 2008. 255f. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.

DE-MELO, A.A.M.; ESTEVINHO, M.L.M.F.; SATTLER, J.A.G.; SOUZA, B.R.; FREITAS, A.S.; BARTH, O.M.; ALMEIDA-MURADIAN, L.B. Effect of processing conditions on characteristics of dehydrated bee-pollen and correlation between quality parameters. LWT - Food Science and Technology, v.65, p.808-815, 2016.

DÓREA, M.C.; NOVAIS, J.S.; SANTOS, F.A.R. Botanical profile of bee pollen from the southern coastal region of Bahia, Brazil. Acta Botanica Brasilica, v.24, n.3, p.862-867, 2010.

FBB. Fundação Banco do Brasil. Apicultura: desenvolvimento regional sustentável. Brasília: Banco do Brasil, 2010. 47p.

INMET. Instituto Nacional de Meteorologia. BDMEP – Dados históricos, 2015. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/. Acesso em: 03 set. 2015.

LINSKENS, H.F. JORDE, W. Pollen as food and medicine - a review. Economic Botany, v.51, n.1, p.78-87, 1997.

MALERBO-SOUZA, D.T.; SILVA, F.A.S. Comportamento forrageiro da abelha africanizada Apis mellifera L. no decorrer do ano. Maringá, v.33, n.2, p.183-190, 2011.

MARCHINI, L.C.; REIS, V.D.A.; MORETI, A.C.C.C. Composição físico-química de amostras de pólen coletado por abelhas Africanizadas Apis mellifera (Hymenoptera:Apidae) em Piracicaba, Estado de São Paulo. Ciência Rural, v.36, n.3, p.949-953, 2006.

MELO, I.L.P.; ALMEIDA-MURADIAN, L.B. Comparison of methodologies for moisture determination on dried bee pollen samples. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.31, n.1, p.194-197, 2011.

MELO, I.L.P.; ALMEIDA-MURADIAN, L.B. Stability of antioxidants vitamins in bee pollen samples. Química Nova, v.33, n3, p.514-518, 2010.

MORETI, A.C.C.C.; MARCHINI, L.C.; SOUZA, V.C.; RODRIGUES, R.R. Atlas do pólen de plantas apícolas. Rio de Janeiro: Papel Virtual. 2002. 88p.

NEGRÃO, A.F. Efeito da sazonalidade no teor proteico e composição de aminoácidos no pólen apícola produzido em Botucatu, Estado de São Paulo. Botucatu, 2014. 56p. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

NOGUEIRA, C.; IGLESIAS, A.; FEÁS, X.; ESTEVINHO, L.M. Commercial bee pollen with different geographical origins: a comprehensive approach. International Journal of Molecular Sciences, v.13, n.9, p.11173-11187, 2012.

ODOUX, J.F.; FEUILLET, D.; AUPINEL, P.; LOUBLIER, Y.; TASEI, J.N.; MATEESCU, C. Territorial biodiversity and consequences on physico-chemical characteristics of pollen collected by honey bee colonies. Apidologie, v.43, n.5, p.561-575, 2012.

OLIVEIRA, K.C.L.S. Caracterização do pólen apícola e utilização de vitaminas antioxidantes como indicadoras do processo de desidratação. 2006. 106 f. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos), Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

REINHARD, K.J.; HAMILTON, D.L.; HEVLY, R.H. Use of pollen concentration in palaeopharmacology: coprolite evidence in medical plants. Journal of Ethnobiology, v.11, p.117-132, 1991.

SATTLER, J.A.G. Quantificação das vitaminas antioxidantes E (?-, ?-, ?-, ?-tocoferol), C (ácido ascórbico), pró-vitamina A (?-, ?-caroteno) e composição química do pólen apícola desidratado produzido em apiários georreferenciados da região Sul do Brasil. São Paulo, 2013. 140p. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo.

SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa. Informações de mercado sobre mel e derivados da colméia: sumário executivo, 2007. Disponível em: . Acesso em: 01 mai. 2011.

SUIÇA. Ordonnance du DFI 817.022.108 du 23 novembre 2005. Le Département fédéral de l'intérieur établit l'ordonnance sur les denrées alimentaires d’origine animale. Droit interne, Suisse, 01 jan. 2005.




Creative Commons License
Revista Ciência em Extensão by Pró-Reitoria de Extensão Universitária e Cultura - UNESP - Brasil is licensed under a Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil License.
Based on a work at ojs.unesp.br.
Permissions beyond the scope of this license may be available at http://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/about/editorialPolicies#custom0.