Saúde da criança: estabelecendo comunicação interdisciplinar e relações interprofissionais

Tania Izabel Bighetti, Eduardo Dickie de Castilhos, Andressa da Silva Arduim, Camila da Fonseca Haertel, Candida Soares Moreira, Juliana Silva Ribeiro, Vitória Schneider Müller

Resumo


A efetividade das ações no campo da saúde requer uma modalidade de trabalho em equipe que integre diferentes áreas e distintos profissionais. A formação dos profissionais não tem sido suficiente para prepará-los para uma atuação na perspectiva da atenção integral à saúde. As mudanças necessárias devem começar na formação profissional e dentro das academias. Visando integrar ações de acadêmicos da área da saúde, foi criado, na Universidade Federal de Pelotas, o projeto de extensão “Estratégias de atuação multiprofissional e interdisciplinar em espaços sociais”; coordenado por docentes do curso de Odontologia e envolvendo acadêmicas de Medicina, Nutrição e Odontologia. Na perspectiva de atuarem de forma multiprofissional e interdisciplinar, o grupo elaborou e desenvolveu um projeto de pesquisa visando abordar a saúde da criança, discutindo cada conceito de forma interdisciplinar e selecionando variáveis de interesse dos três cursos. Objetivou-se descrever a estratégia de elaboração/execução do projeto de pesquisa vinculado ao de extensão e apresentar os principais resultados. Tratou-se de estudo transversal com crianças de quatro a seis anos de instituição filantrópica de Pelotas/RS. Foram coletados dados de peso, altura, característica de mucosas, cárie dentária e necessidade de tratamento, biofilme e alterações gengivais. Coleta, digitação, tabulação e análise foram realizadas de forma interdisciplinar. Os dados foram digitados de forma dupla e validados. Avaliaram-se 54 crianças, 27 meninos e 27 meninas, sendo que para uma criança, não se coletou dados relativos ao Índice de Massa Corporal. Observou-se que 45 crianças tinham peso adequado para a idade, nove tinham peso elevado e nenhuma com baixo/muito baixo. Todas estavam com estatura adequada. Em relação ao Índice de Massa Corporal, 38 crianças estavam adequadas, enquanto 15 estavam com o índice elevado para a idade. A maioria das crianças apresentou mucosas úmidas e coradas, sem diferenças entre eutróficas, com sobrepeso e obesas. Observou-se 26 crianças (48,1%) com biofilme dental, com ocorrência em 71,4% das que tinham sobrepeso. Duas crianças apresentaram gengivite, sem diferenças entre eutróficas, com sobrepeso e obesas. A cárie dentária foi observada em 19 crianças (35,2%), com ocorrência em 12,2% das obesas. Observou-se maior prevalência de dentes decíduos cariados (94,3%), sendo molares e incisivos centrais superiores os mais acometidos. Onze crianças apresentavam dentes permanentes e destas uma apresentou lesão de cárie em três molares. Necessitavam de restauração de uma/duas superfícies 86,5% dos dentes atacados por cárie. A necessidade de remineralização de mancha branca de cárie apareceu em oito dentes. Concluiu-se que a maioria das crianças da instituição apresentou altura e peso adequados; sem obesidade; sem aspecto de anormalidade nas mucosas; sem alterações gengivais e sem dentes permanentes atacados por cárie dentária. A situação de saúde geral se encontra controlada. Merecem atenção crianças que, embora em pequeno número, apresentam situações mais graves. O maior desafio foi compreender a dinâmica da atuação interdisciplinar e aplicá-la ao trabalho em equipe. Estas experiências deveriam ser comuns na universidade, pois estimulam acadêmicos e docentes a participarem ativamente na lógica interdisciplinar.


Palavras-chave


Equipe interdisciplinar de saúde. Pré-escolar. Atenção integral à saúde.

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