Educação pró-envelhecimento ativo - Geron...quê?! Estudo de intervenção com estudantes portugueses

Bruno Cláudio Macedo Portelada, Catarina Soares Oliveira, Guilherme Louro Oliveira, Tiago André Pinto Valente, Alcione Leite da Silva

Resumo


O envelhecimento é uma realidade incontestável no mundo contemporâneo, com repercussões em várias áreas da sociedade. No mundo ocidental, o envelhecimento e a velhice são acompanhados de atitudes idadistas e de gerontofobia, num quadro em que as pessoas idosas são percebidas como contribuintes frágeis da sociedade para a economia e o envelhecimento é associado a conotações muito negativas. Essa visão permeia a sociedade e afeta as crianças desde cedo, o que tende a perpetuar o idadismo ou a gerontofobia. Nesse contexto, surge o paradigma do envelhecimento ativo, no qual a educação tem um papel de destaque. A educação e os programas educativos direcionados à população geral, com especial atenção à população jovem, podem contribuir para mudar a visão da sociedade sobre o envelhecimento e a velhice. Este estudo teve por objetivo, planejar, implementar e avaliar um programa educativo sobre o envelhecimento ativo para estudantes do 9º grau de escolaridade em Portugal e realizou-se por intermédio de um estudo de intervenção, de natureza mista, com 47 jovens de uma escola básica do Distrito de Aveiro, Portugal. Os dados foram coletados por meio da observação participante e de questionário e foram ponderados com base na análise de conteúdo e na estatística descritiva e inferencial. O programa educativo constou de cinco sessões, tendo por eixos teóricos: i) envelhecer de forma ativa e com maior qualidade de vida; ii) gerontologia como área do saber e profissão que se foca no processo do envelhecimento em geral; e iii) criação de uma sociedade amiga das pessoas idosas. Na avaliação considerou-se os aspectos qualitativos e quantitativos. De forma geral, os dados mostram que a implementação do programa educativo foi positiva. O interesse dos estudantes sobre o tema do envelhecimento superou as expetativas. Houve uma evolução de conhecimentos por parte dos estudantes que tendem a encarar o envelhecimento de uma forma mais positiva. Além disso, o estudo permitiu aos investigadores ultrapassar os seus próprios preconceitos em relação aos jovens. Os resultados obtidos demonstram que programas educativos na área poderão desempenhar um papel fundamental na eliminação de preconceitos sobre o envelhecimento, e na preparação dos mais novos para um envelhecimento ativo, com repercussões sociais e econômicas extremamente positivas.

 


Palavras-chave


Educação. Programa educacional. Envelhecimento ativo. Estudantes. Estudo de intervenção.

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