AVALIAÇÃO E MODIFICAÇÃO DE PROTOCOLOS DE ROTINA PARA REDUÇÃO DA PRODUÇÃO DE RESÍDUOS NA UNIVERSIDADE

Felipe Maciel Zurlo, Carlos Abrunhosa Tairum Junior, Marcos Antonio de Oliveira, Davis Gruber Sansolo

Resumo


A pesquisa em biologia molecular necessita de diversos reagentes químicos que representam um elevado risco à saúde humana e ao meio ambiente, além da considerável geração de resíduos tóxicos cujo o armazenamento e destinação adequada representam um custo para a universidade. Neste contexto, a conscientização da toxicidade dos reagentes utilizados em protocolos experimentais pelos pesquisadores e a redução ou eliminação de resíduos é uma ação importante e representa um primeiro passo para a implementação de um sistema de gestão ambiental (SGA). O objetivo deste trabalho foi promover uma maior conscientização dos pesquisadores de um laboratório de Biologia Molecular para a organização de reagentes e resíduos gerados, de acordo com sua toxicidade e seus efeitos sobre a saúde humana e ambiental. Para atingir este objetivo, foram avaliados quais eram os protocolos experimentais de rotina utilizados no laboratório que geram resíduos tóxicos, o que revelou que os procedimentos de purificação de ácidos nucleicos (eletroforese) e proteínas (cromatografia e eletroforese) eram os mais relevantes. Em seguida, todos os reagentes laboratoriais foram organizados de acordo com as suas características tóxicas sobre o trabalhador e o ambiente, e também foram introduzidos protocolos que minimizam a utilização de reagentes tóxicos. Foi estimada a quantidade de resíduos gerados foi ao longo de um ano e foram implementados novos protocolos para reduzir os resíduos gerados. Durante todo o processo foram efetuados seminários e reuniões com os integrantes do laboratório para divulgação das ações. Como resultado, houve uma melhora na segurança do trabalho dos pesquisadores e na utilização consciente dos materiais. A otimização dos protocolos experimentais também levou a uma redução de 100% na utilização de reagentes para coloração/descoloração de géis e um decréscimo de 66% de reagentes utilizados e 50% de resíduos gerados para purificação de proteínas. Também foram identificadas ações na reutilização de matérias plásticos diminuindo o volume de resíduos sólidos gerado. Acreditamos que os esforços apresentados aqui representam um primeiro passo para a implementação de um sistema de gestão ambiental no laboratório em questão.


Texto completo:

PDF

Referências


ALBERTINI, R. J. et al. IPCS guidelines for the monitoring of genotoxic effects of carcinogens in humans. International Programme on Chemical Safety. Mutation Research, v. 463, n. 2, p. 111–72, 2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR ISO 14001:2004 - Sistemas da gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso, 2004.

BIOTIUM TECHNOLOGIES. Safety Report of GelRed and GelGreen - A Summary of Mutagenicity and Environmental Safety Test Results from Three Independent Laboratories, 2013.

BRADFORD, M. M. Rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, v. 72, n. 1-2, p. 248–254, 1976.

BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Registro de Emissões e Transferência de Poluentes (RETP). Disponível em: . Acesso em: 5 mar. 2015.

CHIAL, H. J.; THOMPSON, H. B.; SPLITTGERBER, A. G. A Spectral Study of the Charge Forms of Coomassie Blue G. Analytical Biochemistry, v. 209, n. 2, p. 258–266, 1993.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução 430/2011, 2005a.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução 358/2005, 2005b.

DE CONTO, S. M. Gestão de resíduos em universidades. EDUCS, 2010.

DUFFUS, J. H. Heavy metals - A mean- ingless term? Pure and Applied Chemistry, v. 74, n. 5, p. 793–807, 2002.

FONSECA, J. C. L. Manual para Gerenciamento dos Resíduos Perigoso. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.

HALPERN, B. S. et al. A Global Map of Human Impact on Marine Ecosystems. Science, v. 319, n. 5865, p. 948–952, 15 fev. 2008.

LAWRENCE, A.; BESIR, H. Staining of Proteins in Gels with Coomassie G-250 without Organic Solvent and Acetic Acid. Journal of Visualized Experiments, v. 30, 2009.

LOPES, A. M. et al. Therapeutic l-asparaginase: upstream, downstream and beyond. Critical Reviews in Biotechnology, v. 23, p. 1–18, 2015.

LUNN, G.; SANSONE, E. Ethidium bromide: Destruction and decontamination of solutions. Analytical Biochemistry, v. 162, p. 453–458, 1987.

MENDOZA-CARRANZA, M. et al. Distribution and bioconcentration of heavy metals in a tropical aquatic food web: A case study of a tropical estuarine lagoon in SE Mexico. Environmental Pollution, v. 210, p. 155–165, 2016.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL (US) COMMITTEE ON PRUDENT PRACTICES IN THE LABORATORY - NRCC. Prudent Practices in the Laboratory: Handling and Management of Chemical Hazards: Updated Version. Washington (DC): [s.n.].

NETTO, L. E. et al. Conferring specificity in redox pathways by enzymatic thiol/disulfide exchange reactions. Free Radic Res., v. 8, p. 1–40, 2016.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Globally Harmonized System (GHS). Disponível em: . Acesso em: 13 abr. 2015.

SAMBROOK, J.; RUSSEL, W. General Safety and Hazardous Material. In: Molecular Cloning: A Laboratory Manual. [s.l: s.n.].

THE NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH - NIOSH. NIOSH pocket guide to chemical hazards. [s.l.] Books Express Publishing, 2010.

US-ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - US-EPA. National water quality inventory. [s.l: s.n.].

VOROSMARTY, C. J. et al. Global threats to human water security and river biodiversity. Nature, v. 467, n. 7315, p. 555–561, 30 set. 2010.

WONDRAK, E. M. Solution for fast visualization of protein, 2001.

WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Hazardous chemicals in human and environmental health: A resource book for school, college and university students. [s.l: s.n.].


Apontamentos

  • Não há apontamentos.